História da União Desportiva Messinense

Em 6 de outubro de 1975, nascia em São Bartolomeu de Messines um novo símbolo do desporto e da união comunitária: a União Desportiva Messinense, ou simplesmente UDM. A sua origem remonta à fusão de dois clubes locais que decidiram unir esforços para criar uma entidade mais forte e representativa da freguesia.

Dois anos depois, a 20 de setembro de 1977, a escritura oficial do clube era lavrada no Cartório Notarial de Silves, formalizando o sonho de muitos jovens e dirigentes locais. A UDM começava assim a sua caminhada no panorama desportivo algarvio.

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Durante a década de 1980, a UDM começou a colher os frutos do seu trabalho.

Em agosto de 1981, o jornal A Avezinha, através do jornalista Carlos Sequeira, noticiava a conclusão da primeira participação da União Desportiva Messinense no Campeonato Distrital de Futebol da AFA. A equipa terminou em 6.º lugar na classificação da Zona Barlavento, somando 23 pontos, fruto de 7 vitórias, 9 empates e 7 derrotas, com 21 golos marcados e 25 sofridos. Devido à inexistência de um campo de futebol com medidas oficiais em São Bartolomeu de Messines, a UDM foi obrigada a disputar os seus jogos caseiros em Silves e no Algoz, o que prejudicou o desempenho da equipa. A ausência do apoio do público local e a instabilidade entre os jogadores contribuíram para uma certa intranquilidade e falta de segurança em campo. Na altura, o clube contava com 254 sócios pagantes, com uma quota mensal de apenas 10 escudos, e tinha como principal ambição a construção de um campo próprio.

Essa ambição começou a concretizar-se com a adjudicação da obra pela Câmara Municipal de Silves, que investiu cerca de 2.380 contos. Os trabalhos de terraplanagem já haviam sido iniciados junto à Escola Preparatória, prevendo-se a conclusão do campo antes do início da época seguinte, resolvendo assim um dos maiores desafios enfrentados pelo clube desde a sua fundação.

 A UDM contava já com várias modalidades como a luta e a ginástica, sendo também pioneiro no futebol feminino no Algarve.

Este período decorreu com a direção sob a presidência de Vitorino Vieira Cavaco (1981–1984), período algo conturbado relativamente à participação diretiva. Nem tudo decorria como pretendido, e foi também nesta altura que o clube atravessou a sua primeira significante dificuldade financeira. Neste intervalo temporal teve a sua primeira aparição mediática a nível nacional, com uma reportagem efetuada pela RTP que está disponível e pode ser consultada através dos arquivos RTP.

Em 1984/85, sob a liderança de José Inácio Marques Martins (1984–1988), conquistou o título de Campeão Distrital da 2.ª Divisão da Associação de Futebol do Algarve (AFA), feito que repetiria em 1989/90, já com Vítor Manuel Mota Gonçalves (1988–1990) como presidente. Nesse mesmo ano, ergueu também a Taça de Honra da AFA, consolidando-se como uma força emergente no futebol regional.

Nos anos 90, com Armando Manuel Cabrita Calado e depois Gilberto António Apolinário Borges, a UDM diversificou as suas modalidades, destacando-se em lutas amadoras, atletismo, xadrez e corfebol. Em 1995/96 e 1997/98, participou na Taça de Portugal em futebol sénior, já sob a presidência de José Carlos Xavier dos Santos.

O virar do milénio trouxe novas conquistas.

Em 2001/2002, os seniores venceram a 1.ª Divisão Distrital, garantindo a subida à 3.ª Divisão Nacional. Estes feitos ocorreram durante os mandatos de José Carlos Sousa Araújo e Valdemar Cabrita Firmino.

A época de 2005/2006 foi memorável, sob a batuta de Valdemar Cabrita Firmino, com a UDM a terminar em 2.º lugar na 3.ª Divisão Nacional (Série F), assegurando a promoção à 2.ª Divisão Nacional. Em 2006/2007, já com José Carlos Sousa Araújo novamente na presidência, alcançou o 8.º lugar na nova divisão, um feito notável para um clube de uma pequena freguesia.

Em 2007/2008 foi vencedor da Taça AF Algarve e em 2009/2010 garantiu novamente a subida à 3ª divisão.

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Contudo, nem tudo foram vitórias. Em julho de 2012, mais uma crise com muitas dificuldades financeiras e também devido à extinção da 3.ª Divisão Nacional, a direção liderada por Luis Miguel Correia Guia suspendeu a atividade do futebol sénior. O clube enfrentava um passivo muito significativo e uma grande quebra de receitas, pelo que a associação sobrevive apenas graças aos transportes escolares e eventos realizados.

A 13 de maio de 2013 o jornal sulinformação.pt anunciava a primeira edição da Festa do Caracol que se realizaria a 25 de maio de 2013 com o apoio da Câmara Municipal de Silves no jardim municipal junto à escola EB 2,3 João de Deus em São Bartolomeu de Messines. O evento atingiu em 2025 a sua 10ª edição e é já uma das maiores e mais importantes festas da vila.

Foi em 2014 que a esperança renasceu.

 Hélder Manuel Mogo Braz assumiu a presidência da UDM a 31 de outubro de 2014 e iniciou um processo de recuperação e reestruturação. Com uma liderança firme e uma visão clara, Hélder Braz reorganizou as finanças, apostou na formação e reativou o futebol sénior de forma sustentável. Era o inicio de mais uma recuperação de momento negativo, que ciclicamente parece assolar a associação. Há que aprender com o passado e evitar que ciclos destes aconteçam, a participação de todos os sócios, amantes, simpatizantes e patrocinadores da UDM é muito importante neste aspeto.

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No mesmo ano, a 8 de fevereiro de 2014, nasceu a claque oficial da UDM — os Green and Yellow Boys. Composta por adeptos apaixonados, esta claque acompanha a equipa em todos os jogos, seja em casa ou fora, criando um ambiente vibrante e de apoio constante. O seu cântico mais emblemático — “Sou verde e amarelo, desde o dia que eu nasci” — ecoa nas bancadas e representa o orgulho e a ligação profunda à identidade do clube. Com bandeiras, coreografias e uma presença ativa nas redes sociais, os Green and Yellow Boys são mais do que uma claque: são uma expressão viva da cultura Messinense e da alma da UDM.

Claque 50 anos

Entre 2015 e 2016, a equipa sénior voltou a destacar-se, com campanhas sólidas e vitórias expressivas com nova subida a 1ºDivisão Distrital.

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Em 2019, Hélder Braz foi reeleito, consolidando a estabilidade diretiva e reforçando o compromisso com o crescimento do clube.

Em setembro de 2021, foi inaugurado o Museu Histórico da UDM, um espaço dedicado à preservação da memória e identidade do clube, celebrando os seus heróis, conquistas e momentos marcantes.

Em 2024, a UDM deu mais um passo inovador com a criação do GAP – Gabinete de Apoio Psicológico. Este projeto pioneiro no desporto regional liderado pela psicóloga Dra. Sandra Coelho, oferece suporte emocional e psicológico a atletas, treinadores e famílias.

Um protocolo com a escola local permitiu estender estas ações à comunidade educativa, promovendo o bem-estar e a saúde mental dos jovens da freguesia.

Para além dos projetos já referidos, o GAP tem hoje um papel muito importante na componente social com distribuição de bens a famílias necessitadas, iniciativa também liderada pela Dra.Sandra.

O GAP é hoje um projeto reconhecido pela comunidade Messinense, contando inclusive com participações com stands na Festa do Caracol, Festa das Tradições e Feira da saúde.

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Após enorme esforço e dedicação da direção da formação, o clube conseguiu em 2024 e após processo de Certificação de Entidades Formadoras da Federação Portuguesa de Futebol, receber a distinção de Centro Básico de Formação de Futebol. Na avaliação anual seguinte, em 2025 o clube conseguiu a distinção de escola de formação de duas estrelas. Este trabalho foi realizado sob a liderança do atual Vice-presidente para a formação Nuno Parrado.

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A equipa de futebol de praia da UDM garantiu a promoção ao Campeonato Nacional da modalidade para a época 2026/2027, após uma campanha brilhante na Taça Nacional. A qualificação para a Taça Nacional deu-se após atingir a final do campeonato regional onde perdeu apenas nos penaltis.

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Ressurge o futebol feminino com uma equipa com várias faixas etárias e com muitas mães de atletas das escolas de futebol, revelando a envolvência social que a UDM conquistou.

No decurso de 2025, e após a equipa sénior ter conseguido um 3º Lugar numa época em que lutou para subir de divisão, surge uma surpresa, uma equipa desiste na 1ª divisão distrital levando assim à subida da UDM mais uma vez para a divisão mais importante dos distritais.

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A UDM é presença constante em eventos comunitários, dos quais se destaca a já prestigiada Festa do Caracol, entre outras tais como a Festa das Tradições, Festa na Vila, a extinta FAE – Feira de Atividades Económicas bem como os Torneios de Carnaval e Jovens Promessas, reforçando a UDM o seu papel como pilar social e cultural da vila.

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Estes eventos têm um papel importante na angariação de fundos para a associação.

O ano de 2025 é especial. A UDM celebra os seus 50 anos de existência com a gala no pavilhão da Casa do Povo, homenageando fundadores, dirigentes, sócios e patrocinadores que muito têm ajudado o Messinense. O evento conta com o apoio da Câmara Municipal de Silves e da Junta de Freguesia de São Bartolomeu de Messines.

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Hoje, a União Desportiva Messinense é mais do que uma associação ou clube. Há famílias que se unem em torno da UDM com pais nos veteranos, mães no futebol feminino e filhos nos seniores ou nas escolas de formação. É uma história viva de superação, paixão e compromisso com a comunidade. Um exemplo de como o desporto pode transformar vidas e unir gerações em torno de um emblema que é de todos os Messinenses.

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